m dez episódios, a série, que é uma recriação da narrativa literária para a linguagem televisiva, propõe um mergulho no Brasil profundo, nossas origens, percursos históricos, temas, problemas e perspectivas de futuro
Assista em: //bit.ly/3zFH3HX
No dia 26/9, a partir das 14h, o SescTV exibirá uma maratona com todos os episódios da série O Povo Brasileiro, dirigida por Isa Grinspum Ferraz. A programação é baseada no livro de mesmo nome, do antropólogo Darcy Ribeiro, lançado em 1995. Com 10 episódios de 26 minutos cada: Matriz Tupi, Matriz Lusa, Matriz Afro, Encontros e Desencontros, Brasil Crioulo, Brasil Sertanejo, Brasil Caipira, Brasil Sulino, Brasil Caboclo e Invenção do Brasil, discutem a formação dos brasileiros, sua origem, percursos históricos, temas, problemas e perspectivas de futuro.
“A série O Povo Brasileiro propõe um mergulho na formação sociocultural do Brasil e dos brasileiros a partir da visão do antropólogo, educador, romancista e pensador Darcy Ribeiro”, afirma Isa Grinspum Ferraz. Segundo ela, a narrativa construída através da combinação de imagens do país, de músicas, poemas, trechos de ensaios e depoimentos, propõe uma reflexão crítica sobre quem somos e o que queremos ser como povo e civilização.
Com imagens captadas em todo o Brasil, os episódios contam com as participações de Mãe Filhinha, Mãe Estela, Judith Cortesão, Chico Buarque de Holanda, Antonio Cândido, Carlos Serrano, Luis Melodia, Roberto Pinho, François Neyt, Márcio de Souza, Paulo Vanzolini, Antonio Risério, Eduardo Giannetti, Agostinho da Silva, Gilberto Felizberto Vasconcelos, Aziz Ab’ Saber, Gilberto Gil, Washington Novaes, Tom Zé, Hermano Vianna e Darcy Ribeiro, entre outros. Disponível sob demanda em sesctv.org.br.
Episódios:
Matriz Tupi – Os povos originários do Brasil, seus aspectos culturais, econômicos e formação étnica, anteriores à colonização portuguesa, são destaque neste episódio. Em depoimentos, o antropólogo Darcy Ribeiro convida-nos a uma reflexão sobre o futuro da nação brasileira próximos cinquenta anos, a partir dos caminhos históricos de sua miscigenação e formação colonial. Darcy de forma enfática, afirma que é preciso “reinventar o Brasil”.
“Há mil anos atrás foram feitos registros em cartas, que falam de uma Ilha Brasil, ou seja o nome do país não vem do pau brasil, isso aqui era a Ilha Brasil”, explica Darcy Ribeiro. Segundo ele alguns navegantes sabiam de sua existência, mas só em 1500 os portugueses sentiram a necessidade de registrar em cartório, oficializando o descobrimento do Brasil.
Matriz Lusa – Como o título sugere, o episódio discute a influência da formação portuguesa para a cultura e sociedade brasileira. O antropólogo Darcy Ribeiro relembra alguns fatos sobre as grandes navegações portuguesas, e sua tecnologia naval. “Os portugueses aprenderam a montar navios, que não existiam. Dos árabes herdaram o leme fixo e instrumentos e ferramentas como o astrolábio. Com esse navio montado foi possível se chegar o mar grosso, até o Brasil”, diz Darcy.
Matriz Afro – Neste episódio, estão na pauta a formação do povo brasileiro a partir da matriz africana e os povos egressos da África considerando seus pensamentos, costumes, crenças, arte e rituais. O Brasil foi, inegavelmente, formado pelos povos africanos que vieram de Angola, do Congo, da Nigéria, de Daomé, de Moçambique e outras regiões. No Século XVIII houve a chegada de povos oriundos da Costa da Mina e do Golfo de Benin.
Segundo François Neyt os povos africanos valorizam a pessoa, a comunidade, a natureza e a criação, sempre com o olhar na tradição, no passado e na história. “A cultura africana pode ajudar ao homem moderno a que esqueceu a existência de outras coisas para além do dinheiro e valores econômicos. A cultura e religião africana nos ensinam que há muito mais além do plano visível”, afirma.
Encontros e Desencontros – O episódio apresenta um panorama do processo de colonização do Brasil, considerando a cultura nacional como uma cultura de retalhos, sobretudo o que os brasileiros guardam na memória. A partir da conquista dos índios pelos europeus, formaram dois núcleos de povoamento e mestiçagem – Diogo Alvares Caramuru e João Ramalho. Eles formaram a aldeia Euro-Tupinambá, através de seus diversos núcleos familiares que deram origem ao que viria a se chamar Brasil.
Brasil Crioulo – O episódio conta a formação e a origem do povo negro desde a época do Brasil Colônia, das relações do senhor do engenho e o escravo e a mestiçagem. Na região chamada de “Crioula”, que se propagava de Pernambuco à Bahia, a vida da população negra não tinha valor. “Curiosamente a herança cultural africana, se projetou com vigor devido a concentração negra exponencialmente na Bahia, Minas e Rio de Janeiro”, pontua Chico Buarque.
Entre os séculos XVI e XVII o Brasil, detinha as maiores riquezas do mundo com a exploração e venda de açúcar a partir de mão-de-obra escrava. Conforme explica o historiador Gilberto Felizberto Vasconcelos, nas proximidades e entornos da mata atlântica surgem a civilização do açúcar. A casa grande regia o poder econômico, jurídico e religioso. Nesse lugar, a proximidade do senhor com o escravo num ambiente de dominação de classe, propiciaram, nesses contatos a base da formação e mestiçagem.
Brasil Sertanejo – No episódio, Darcy Ribeiro atribui um Brasil criado pela tradição pastoril e agrícola, repleto de poesia e arte. O sertanejo é sedimentado na estrutura de poder, da família, e nas crenças religiosas. Segundo Paulo Vanzolini o sertanejo conseguiu sobreviver apesar das adversidades: “A situação mais extremada é a nordestina, a caatinga tem uma temperatura alta, sem chuva, e a solo é muito pedregoso. É o lugar mais difícil de viver no Brasil, quem mora lá conseguiu desenvolver uma cultura de currais de gado extremamente importante”, diz.
Brasil Caipira – O episódio destaca o modo de vida da Paulistania e o caipira, que é um dos tipos do homem rural brasileiro. O Brasil Caipira que, segundo Antônio Cândido, pode ser definido territorialmente pela Paulistania: região que abarca os estados de São Paulo, parte de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
“O caipira é um dos tipos do homem rural brasileiro que teve sua origem na junção entre portugueses com índios e posteriormente começaram a praticar atividades de origem africana, se enriquecendo e deixando certa indiferenciação entre elas. A presença indígena era tão marcante que em São Paulo falava-se o tupi – guarani, adaptado pelos jesuítas”, explica Antônio Cândido.
Brasil Sulino – Como aconteceu o processo de formação no Sul do Brasil? Indo em busca dessa resposta, o episódio Brasil Sulino aprofunda-se na região em que aconteceu a catequização e tentativa de uniformização de centenas de milhares de indígenas, que foram colocados no mesmo espaço para aprender uma só língua, o guarani.
Posteriormente, a chegada dos espanhóis, italianos e portugueses, contribuiu para a formação do Brasil que é um laboratório de mistura, miscigenação, combinações, encontros raciais e culturais. Mas o sul sempre se diferenciou do restante do país, com forte presença alemã, seu processo de mistura miscigenação se deu com diferentes graus de intensidade.
Brasil Caboclo – Neste episódio, por meio registros históricos, é apresentada a formação étnica e cultural da região de floresta tropical da bacia amazônica brasileira. No curso do processo de ocupação, a mestiçagem de indígenas, brancos e negros, produziu um povo diferente, os Caboclos, caracterizados pelo primitivismo de sua tecnologia adaptativa essencialmente indígena.
O programa também trata das diversas populações indígenas originárias, que ocupavam a várzea do rio Amazonas com aldeamentos de grande extensão, foram dizimadas com a expansão europeia. Mesmo assim, pelo tipo de ocupação que aconteceu, a região preserva características únicas. “Temos os recursos hídricos mais importantes do mundo, com rios negros e brancos. Sobretudo entre 1850 e 1920, a Amazônia se destacou como o maior domínio de natureza tropical, com florestas biodiversas do planeta”, explica Aziz Ab’ Saber.
Invenção do Brasil – O tema do episódio trata da formação do Brasil enquanto unidade nacional, constituída a partir de uma síntese única de matrizes diversas e de um processo histórico marcado por conflitos sociais, por constantes motins, conspirações, revoltas e guerras: enfrentamentos entre portugueses e indígenas, rebeliões negras, lutas pela independência nacional e as revoltas que se seguiram ao longo da República.
Darcy Ribeiro observa que o Brasil subverteu o projeto colonial para criar formas próprias de vida dos pontos de genético, técnico e simbólico. Ao longo de sua história, no entanto, o processo de criação da unidade nacional deu-se de modo violento, a despeito do mito brasileiro da cordialidade e do pacifismo brasileiro.
Sobre Isa Grinspum Ferraz
Isa Grinspum Ferraz é roteirista, documentarista e curadora de exposições e museus multimídia. É curadora do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e do Cais do Sertão, em Recife, entre outros. Idealizou o Museu do Pampa e o Museu das Missões, no Rio Grande do Sul, e a renovação dos museus do Instituto Butantan, em São Paulo. Dirigiu as séries O Povo Brasileiro, Intérpretes do Brasil, O valor do amanhã, Galáxias, A cidade no Brasil e o longa- metragem Marighella. Publicou o livro “Darcy Ribeiro: utopia Brasil” (Hedra, 2008). Foi colaboradora de Lina Bo Bardi e Darcy Ribeiro.
Sobre o SescTV:
O SescTV é um canal de difusão cultural do Sesc em São Paulo, distribuído gratuitamente, que tem como missão ampliar a ação do Sesc para todo o Brasil. Sua programação é constituída por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com variadas expressões da música e da dança contemporânea. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e ideias da cultura brasileira em conexão com temas universais. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras linguagens artísticas também estão presentes na programação.
Serviço:
Série: O Povo Brasileiro.
Exibição: Assista a uma maratona que será exibida em 26/9, domingo, a partir das 14h.
Disponível sob demanda em sesctv.org.br.
Classificação indicativa: Livre.
Direção: Isa Grinspum Ferraz.
Produção: Cinematográfica Super Filmes.
Informações para imprensa:
Eloá Cipriano – Assessoria de Imprensa
Para sintonizar o SescTV:
Canal 128, da Oi TV
Ou consulte sua operadora
Assista também online em sesctv.org.br/noar
Siga o SescTV no twitter: @sesctv
E no facebook: facebook.com/sesctv
No instagram: @sesctv