Parceria com Instituto Peck Pinheiro, a exposição abre para o público o trabalho de 49 escritoras brasileiras, a partir de uma mostra com mais de 70 obras publicadas

entre os séculos XVIII e  XX.

 

Também terá uma vitrine dedicada às obras das onze escritoras que integram a Academia Mineira de Letras: Alaíde Lisboa, Ana Cecilia Carvalho, Carmen Schneider Guimarães, Conceição Evaristo, Elizabeth Rennó, Henriqueta Lisboa, Lacyr Schettino, Maria Antonieta Antunes Cunha, Maria Esther Maciel, Maria José de Queiroz e Yeda Prates Bernis.

A Academia Mineira de Letras e o Instituto Peck Pinheiro trazem a Belo Horizonte a exposição literária “A presença feminina na literatura brasileira: um caminho difícil”. O evento oferece ao público os livros, quase sempre em primeiras edições, de escritoras brasileiras dos séculos XVIII ao XX, contando as histórias dos desafios enfrentados pelas autoras para serem reconhecidas no universo literário, seja em forma de romances, poesias, crônicas, contos ou memórias. A abertura é no dia 5 de outubro, sábado, às 10h. A exposição permanece até 6 de novembro, no prédio anexo da Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466, Centro, Belo Horizonte). A visitação é gratuita, de terça a sexta, das 11h às 19h30 e, aos sábados, das 10h às 16h. O acesso é gratuito.

A exposição ocorre no âmbito do projeto “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores.

“São autoras que enfrentaram algum tipo de preconceito pré ou pós publicação, misoginia, rejeição da crítica, da sociedade ou editorial. Autoras que sentiram receio de mostrar sua arte, que rejeitaram seus primeiros livros por receio de recepção negativa. Autoras que assumiram causas sociais e políticas em defesa dos direitos das mulheres. Em outras palavras, que enfrentaram ‘forças contrárias’ ao tentar mostrar sua literatura”, comenta Patricia Peck Pinheiro, fundadora do Instituto Peck.

Serão apresentadas 49 escritoras brasileiras e mais de 70 obras, entre elas:

– o primeiro romance escrito por um natural do Brasil, Máximas de virtude e formosura, (1777) de Teresa Margarida da Silva e Orta, cujo reconhecimento só aconteceu em meados do século XX;

– O primeiro livro de poesias escrito por um natural do Rio Grande do Sul, Poesias oferecidas às senhoras Rio-grandenses (1838), da poeta cega Delfina Benigna da Cunha;

– O livro da primeira escritora feminista do Brasil, a professora Nísia Floresta Brasileira Augusta, com seu Itinerário de uma Viagem à Alemanha, publicado em Paris, em francês, em 1857, fato inédito para qualquer escritor brasileiro;

– Os poemas de Maria Firmina dos Reis, primeira escritora preta do Brasil, incluídas no Parnaso Maranhense (1861), do qual ela foi a única mulher a fazer parte;

– O único livro de poesias de Narcisa Amália, Nebulosas (1872), poeta que sofreu todo tipo de preconceito por conta de seus divórcios e morreu esquecida. Este livro fará parte da lista da FUVEST-USP a partir de 2026;

– Um dos dois exemplares conhecidos de Espectros (1919), de Cecília Meireles, escrito aos 16 anos e renegado pela autora. É considerado o livro mais raro da literatura brasileira do século XX;

– Os primeiros livros, também renegados, de duas grandes escritoras: Fogo fátuo (1925), da imortal da AML Henriqueta Lisboa, e Porão e Sobrado (1938), de Lygia Fagundes Telles, jamais reeditado por ordem da autora;

– Os livros de grandes escritoras pretas do século XX: Horto (1901), de Auta de Souza,  Água funda (1946), de Ruth Guimarães, e Quarto de despejo (1960) e Provérbios (1965), de Carolina Maria de Jesus;

Estarão também expostos os principais livros, em primeira edição, de grandes autoras como Júlia Lopes de Almeida, Maria Benedita Bormann (Délia), Francisca Júlia da Silva, Amélia Beviláqua, Albertina Bertha, Gilka Machado, Rachel de Queiroz, Ercília Nogueira Cobra, Carolina Nabuco, Adalgisa Nery, Adalzira Bittencourt, Julieta Bárbara, Patrícia Galvão (Pagu), Clarice Lispector, Maria José Dupré, Dinah Silveira de Queiroz, Hilda Hilst, Cora Coralina, Maria José de Queiroz, Maria Julieta Drummond de Andrade, Adélia Prado, Zélia Gattai, Ana Cristina César e Conceição Evaristo, entre diversas outras.

A mostra terá uma vitrine dedicada às obras das onze escritoras que integram a Academia Mineira de Letras, com edições de estreia ou raras de livros de Alaíde Lisboa, Ana Cecilia de Carvalho, Carmen Schneider Guimarães, Conceição Evaristo, Elizabeth Rennó, Henriqueta Lisboa, Lacyr Schettino, Maria Antonieta Antunes Cunha, Maria Esther Maciel, Maria José de Queiroz e Yeda Prates Bernis.

A exposição A presença feminina na literatura brasileira é dedicada à Profa. Constância Lima Duarte, docente da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenadora do grupo de pesquisa “Mulheres em Letras”, sem dúvida a mais dedicada especialista brasileira no estudo da literatura produzida por mulheres em nosso país, com vasta produção.

“O grande mérito de uma exposição com livros publicados por escritoras brasileiras do século XVIII ao XX, é, principalmente, revelar que as mulheres sempre estiveram presentes nas letras nacionais, apesar de tudo e todos!”, diz Constância Lima Duarte.

Durante o período da exposição, ocorrerão visitas guiadas para escolas com a presença de monitores, e os livros serão exibidos com texto de apoio e imagens, contando as histórias de fundo do preconceito e obstáculos enfrentados pelas autoras, bem como do impacto de seus livros sobre a sociedade. As visitas devem ser agendadas pelo e-mail contato@academiamineiradeletras.org.br.

Instituto Peck

O Instituto Peck Pinheiro foi criado pelo casal de bibliófilos Romulo Pinheiro e Patricia Peck Pinheiro com o propósito de despertar, cultivar e disseminar a paixão pelos livros, pela literatura e sua história. O Instituto Peck Pinheiro tem o projeto de criar nos próximos anos, em Ouro Preto (MG), o Museu da Literatura Brasileira. Neste museu, inédito no Brasil, serão expostas, de maneira permanente, as obras de nossos principais autores e autoras.

Sobre a Profa. Constância Lima Duarte

Professora doutora de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFMG, pesquisadora do CNPq e coordenadora do Grupo de Pesquisa Mulheres em Letras. Dentre os livros publicados, estão: Nísia Floresta: vida e obra (1995; 2008); Mulheres em Letras: antologia de escritoras mineiras (2008); Mulheres de Minas: lutas e conquistas (coautoria, 2008); Dicionário de escritores mineiros (2010); Imprensa feminina e feminista no Brasil, séc. XIX (2018); Imprensa feminina e feminista no Brasil, séc. XX (2023); Memorial do memoricídio: escritoras brasileiras esquecidas pela história (2023), entre outros.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

Acesse www.institutounimedbh.com.br e saiba mais.

SERVIÇO

A PRESENÇA FEMININA NA LITERATURA BRASILEIRA: UM CAMINHO DIFÍCIL

Abertura – 05 de outubro, sábado, das 10h às 13h

Período expositivo: 05 outubro a 06 de novembro

Funcionamento: de terça a sexta, das 11h às 19h30.

Sábados, das 10 às 16h. Fechada somente no dia 02 de novembro, sábado.

Mais informações: @amletras

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